A loucura no palco ao lado, a coragem de Damien, e o maluco lá da aldeia em plena Estação de Serviço, fizeram o último dia do Primavera Sound 2015. Destaque para a vingança de Death Cab for Cutie.
Estação de Serviço é Manel Cruz e alguns dos compinchas de Foge Foge Bandido – António Serginho, Nico Tricot e Eduardo Silva. E só esta primeira frase deveria servir para definir o que se passa em palco.
Se há coisa que o Manel conseguiu ao longo dos anos foi estabelecer um “estatuto” que lhe permite fazer o que quiser; experimentar, explorar, cozinhar novas formas de dizer, repetir e voltar a gritar certas palavras dele. Outra particularidade é que o Manel não precisa de falar com o público; o público fala sempre com ele, e muitas vezes surgem conversas de palco-plateia, numa lealdade entre músico e ouvinte que não é comum de se ver por aí.
E foi com esta energia que o último dia do Primavera Sound teve início; parámos na Estação de Serviço para abastecer, e por lá ficamos. Canções de Supernada, Pluto e Foge Foge Bandido foram cantadas em coro uníssono: Sexo Mono, Meu Livro, Canção da Canção Triste, Canção da Lua – juntando a interlúdios bandidos para quem lhe conhece o repertório. Destaque para os novos temas, sendo um deles anteriormente apresentado pelo projecto OVO.
A despedida é feita assumidamente pelo maluco lá da aldeia que não faz a barba às ideias, e nós por cá esperamos mais novidades (muito em breve) para saber quando voltamos a abastecer o nosso tanque musical.
No Palco NOS já Baxter Dury começava a soar, e sem querer ferir susceptibilidades, foi talvez a maior desilusão do dia. Uma actuação que não conseguiu agarrar o público, e que serviu de paisagem sonora para quem descansava o corpo (já pesado dos 3 dias), sentado à sombra de cerveja fresca na mão. Dia infeliz para o inglês, que não conquistou grande entusiasmo por parte dos festivaleiros.
E por falar em entusiasmo, já o palco ao lado enchia para receber Foxygen – um palco recheado de apetrechos em jeito de joke-band, que abanou com tanta dança desenfreada pelas meninas de coro que acompanhavam Sam France. Não houve espaço para silêncio – mas para descarga de adrenalina constante numa performance eléctrica, a roçar o hiperactivo, por parte da banda. O público acompanhou ao rubro cada tema, tendo sido este um dos concertos mais divertidos do Primavera Sound.
Mas nós tínhamos de espreitar o palco ATP… palco este que nos pareceu destinado ao peso pesado. Depois de Electric Wizard ter invadido este cantinho de guitarradas stoner/doom, hoje iria ser dia de punk/grunge com as míticas Babes in Toyland. Kat, Lori e Michelle voltaram a atacar os palcos, passando também pelo Porto. Estávamos em 1992 quando “Fontanelle” saiu cá para fora, e foi precisamente com o clássico Bruise Violet que o concerto teve início.
(É sempre bom ter um escape neste tipo de festivais, onde as guitarras ganham atitude, e o peso desperta as mentes já exaustas.)
Após o peso, vem a calma em tom de coragem – Damien Rice enfrenta o público sozinho em palco, tarefa difícil depois de tanto “folclore” nestes 3 dias de festival. Mas Damien sabe o que faz, e encantou o público (na maioria feminino, há que realçar) que acompanhou em êxtase o tema chave do concerto; The Blower’s Daughter ficou na memória.
Na memória fica também a performance dos alemães Einstürzende Neubauten, num ambiente peculiar que não deixou ninguém indiferente. Blixa Bargeld e companhia invadiram o palco ATP de tecnologia avant-noise, onde os primeiros temas foram acompanhados pela máxima concentração no que se estava a passar em palco.
The Garden abre a porta o que viria a ser uma bomba de puro industrial, construída em laboratório através de uma comunhão de instrumentos em palco que anuncia o caos sonoro. Mas na verdade este quinteto alemão sabe muito bem o que faz; o caos aqui é pura ilusão. Temas como Melancholia e Halber Mensch foram os picos desta actuação bizarra (no bom sentido).
No final do concerto, os fãs podiam adquirir uma pen com a gravação directa do concerto.
O corpo já pesava, e o cansaço gritava mais alto, mas Death Cab for Cutie agitaram as águas especialmente aquando do Meet Me on the Equinox.
3 anos depois, os norte-americanos vieram vingar o que ficou por tocar em 2012, e fizeram história.
Para terminar em grande, ainda houve bailarico ao som de Ride, Ex Hex, Dan Deacon, e Underworld.
A edição de 2015 do Primavera Sound chegou ao fim após 3 dias de música em desfile por quatro palcos diferentes – um cardápio de bandas que não nos deixa com mãos a medir, e torna por vezes difícil a escolha no que ver, sentir e escutar. O cansaço vai acumulando, mas vale sempre a pena a correria – porque a verdade é que no fim levamos sempre 2 ou 3 surpresas na bagagem.
Aguardamos o menu primaveril do ano que vem.
Se há coisa que o Manel conseguiu ao longo dos anos foi estabelecer um “estatuto” que lhe permite fazer o que quiser; experimentar, explorar, cozinhar novas formas de dizer, repetir e voltar a gritar certas palavras dele. Outra particularidade é que o Manel não precisa de falar com o público; o público fala sempre com ele, e muitas vezes surgem conversas de palco-plateia, numa lealdade entre músico e ouvinte que não é comum de se ver por aí.
E foi com esta energia que o último dia do Primavera Sound teve início; parámos na Estação de Serviço para abastecer, e por lá ficamos. Canções de Supernada, Pluto e Foge Foge Bandido foram cantadas em coro uníssono: Sexo Mono, Meu Livro, Canção da Canção Triste, Canção da Lua – juntando a interlúdios bandidos para quem lhe conhece o repertório. Destaque para os novos temas, sendo um deles anteriormente apresentado pelo projecto OVO.
A despedida é feita assumidamente pelo maluco lá da aldeia que não faz a barba às ideias, e nós por cá esperamos mais novidades (muito em breve) para saber quando voltamos a abastecer o nosso tanque musical.
Baxter Dury no NOS Primavera Sound 2015 |
No Palco NOS já Baxter Dury começava a soar, e sem querer ferir susceptibilidades, foi talvez a maior desilusão do dia. Uma actuação que não conseguiu agarrar o público, e que serviu de paisagem sonora para quem descansava o corpo (já pesado dos 3 dias), sentado à sombra de cerveja fresca na mão. Dia infeliz para o inglês, que não conquistou grande entusiasmo por parte dos festivaleiros.
E por falar em entusiasmo, já o palco ao lado enchia para receber Foxygen – um palco recheado de apetrechos em jeito de joke-band, que abanou com tanta dança desenfreada pelas meninas de coro que acompanhavam Sam France. Não houve espaço para silêncio – mas para descarga de adrenalina constante numa performance eléctrica, a roçar o hiperactivo, por parte da banda. O público acompanhou ao rubro cada tema, tendo sido este um dos concertos mais divertidos do Primavera Sound.
Foxygen no NOS Primavera Sound 2015 |
(É sempre bom ter um escape neste tipo de festivais, onde as guitarras ganham atitude, e o peso desperta as mentes já exaustas.)
Após o peso, vem a calma em tom de coragem – Damien Rice enfrenta o público sozinho em palco, tarefa difícil depois de tanto “folclore” nestes 3 dias de festival. Mas Damien sabe o que faz, e encantou o público (na maioria feminino, há que realçar) que acompanhou em êxtase o tema chave do concerto; The Blower’s Daughter ficou na memória.
Damine Rice no NOS Primavera Sound 2015 |
Na memória fica também a performance dos alemães Einstürzende Neubauten, num ambiente peculiar que não deixou ninguém indiferente. Blixa Bargeld e companhia invadiram o palco ATP de tecnologia avant-noise, onde os primeiros temas foram acompanhados pela máxima concentração no que se estava a passar em palco.
The Garden abre a porta o que viria a ser uma bomba de puro industrial, construída em laboratório através de uma comunhão de instrumentos em palco que anuncia o caos sonoro. Mas na verdade este quinteto alemão sabe muito bem o que faz; o caos aqui é pura ilusão. Temas como Melancholia e Halber Mensch foram os picos desta actuação bizarra (no bom sentido).
No final do concerto, os fãs podiam adquirir uma pen com a gravação directa do concerto.
O corpo já pesava, e o cansaço gritava mais alto, mas Death Cab for Cutie agitaram as águas especialmente aquando do Meet Me on the Equinox.
Dead Cab For Cutie no NOS Primavera Sound 2015 |
Para terminar em grande, ainda houve bailarico ao som de Ride, Ex Hex, Dan Deacon, e Underworld.
A edição de 2015 do Primavera Sound chegou ao fim após 3 dias de música em desfile por quatro palcos diferentes – um cardápio de bandas que não nos deixa com mãos a medir, e torna por vezes difícil a escolha no que ver, sentir e escutar. O cansaço vai acumulando, mas vale sempre a pena a correria – porque a verdade é que no fim levamos sempre 2 ou 3 surpresas na bagagem.
Aguardamos o menu primaveril do ano que vem.
GALERIAS FOTOGRÁFICAS
Fotografia: José Ribeiro
Texto: Li Alves
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