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HERBIE HANCOCK E CHICK COREA @ EDP COOLJAZZ 2015


O EDP Cool Jazz Fest arrancou dia 19 Julho com Herbie Hancock e Chick Corea.

O Jardim do Marquês exibia de forma elegante e discreta, sem ferir a sua beleza verdejante, as marcas de suporte a esta festa de música, num ambiente descontraído mas muito bem organizado.

Às 21:30 tudo estava pronto para receber os músicos. O palco com dois pianos acústicos de cauda, dois sintetizadores  e um recinto com lotação (quase) esgotada. O problema surgiu depois. A impaciência começou a apoderar-se do público à medida que os minutos passavam. Hancock e Corea teimavam em não aparecer e os assobios começaram. Com um atraso de 20 minutos ouve-se finalmente um aplauso efusivo: os dois músicos entravam em palco numa pose descontraída, típica de quem recebe amigos em casa.

Todo o concerto foi pautado por uma cumplicidade ímpar. Os temas a quatro mãos soavam como se de um único pianista se tratasse. Não interessava se havia mudanças de tom, clusters ou mudanças de ritmo, etc...  estavam constantemente em sintonia.

Esta dupla imponente do Jazz/Fusão, que não se juntava em tour desde os anos 70, não se ficou pelo virtuosismo no piano acústico. Os sintetizadores trouxeram ambiências electrónicas envolventes e minimalistas. Não tivemos acesso à setlist mas não faltaram os obrigatórios “Maiden Voyage”  e “Cantatoupe Island”.

Em jeito de brincadeira foi dedicada uma música ao antigo patrão – Miles Davis. “Solar” foi tocado de forma frenética onde tudo valia, desde cromatismos a mudanças de tom. Absolutamente incrível.

O último tema do duo foi tocado em trio. A plateia foi dividida em 5 secções (2 masculinas e 3 femininas) e cada secção cantava uma das notas do acorde si menor. Depois do breve ensaio vocal liderado por Chick Corea, começa a ouvir-se “Concierto de Aranjuez”. Foi um momento absolutamente sublime em que as diversas partes do tema terminavam com o público a cantar o acorde. Mas não ficou por aqui. Para ajudar à festa, depois de um sonante acorde de si cantado pelo público, a música acelera e entra “Spain”. Hancock e Corea retomam o formato trio e tocam frases no piano para o público repetir. Épico!

Seguiu-se o encore com direito a duas músicas, já que ninguém arredava pé. Com o regresso dos músicos houve mesmo uma invasão da plateia sentada, trazendo parte da multidão para junto do palco. “Love Supreme” de Coltrane foi tocado em formato trio com direito a muitos sorrisos, apertos de mão e uma enorme descontracção.

Este foi o último concerto da tour europeia. Não podemos garantir que Hancock e Corea tenham cumprido a promessa inicial “save the best for last”. Mas que foi bom, sem dúvida.

Data: 2015-07-19
Texto: Mário Fonseca

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