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JULIO IGLESIAS @ MEO ARENA


Julio Iglesias regressou a Portugal para um concerto no Meo Arena, nas vésperas de comemorar os seus 45 anos de carreira e demonstrou o porquê de ser cantores mais populares no mundo. A mão sobre o peito, simulando movimentos de dança, é a sua imagem de marca e mesmo prestes a completar os 70 anos de idade, o cantor mantém o carisma que continua a encantar o público de várias gerações.

Quando as luzes se apagam, os aplausos dão lugar à música e a voz de Júlio Iglésias faz-se ouvir acompanhada pela sua banda e pelo coro de bailarinas. Um dos primeiros temas do alinhamento “Un Canto a Galícia” é dedicado ao seu pai, aliás ao longo de todo o concerto Julio Iglesias faz questão de recordar as suas raízes, esforçando-se por falar português.

Ritmos distintos vão desfilando, ouvimos tango (que segundo o cantor é um estilo de música que faz as pessoas engravidar num minuto, e "esta noite vamos todos engravidar" - disse sorrindo), brilhantemente acompanhado de uma coreografia por dois bailarinos; batidas mais mexidas e ainda as tradicionais baladas como “Mammy Blue” que arrancou da plateia muitos assobios e piropos quando o cantor por alguns momentos tirou o casaco. 

Um dos momentos altos da noite surgiu em homenagem a Luciano Pavarotti, “Temos força e vontade para fazer muitas coisas, mas para parar o tempo ninguém tem essa força”, afirmou antes de cantar “Caruso”, que deixou o Meo Arena num silêncio profundo, apenas interrompido pelo aplauso caloroso no final, verdadeiramente arrepiante.

Por diversas vezes o cantor apelava para a dança, mas o público continuava sentado, limitando-se a ondular nas cadeiras ao som da música, exceção feita durante a interpretação do tema “Careless Whisper”, de George Michael, onde a frase “I’m never gonna dance again” foi tomada como desafio e o espaço entre as bancadas e a plateia se transformou momentaneamente numa pista de dança. Ainda neste tema é de realçar a atuação de Mike Scaglione com os solos de saxofone.

Num pausa durante uma das primeiras canções da sua vida “Manuela”, Julio Iglesias (que no início de carreira começou no futebol, como guarda-redes no Real Madrid) fez uma homenagem ao grande amigo Eusébio, que se encontrava na plateia, revelando que nunca mais esqueceu o jogo do com a Coreia do Norte, em 1966, onde depois de estar a perder por 3 golos, Portugal dá a volta ao resultado para isso contribuindo os 4 golos do Pantera Negra. A canção “Manuela” continuou, mas agora com uma nova letra, que continha palavras como amor, carinho, força, rei e Eusébio. 

O diálogo com o público era constante, onde falava da sua vida, dos seus sonhos do seu percurso na música. Julio Iglesias afirma que viveu uma vida de sonho, mas se lhe perguntarem se prefere sonhar ou fazer que os outros sonhem, ele não tem dúvidas em escolher a última opção. Era tempo para ouvirmos “Amor”, como ele deve ser vivido, sem fronteiras, e foi interpretado de forma extremamente emotiva que até fez despontar no cantor uma lágrima.

Aos primeiros acordes de “Hey” o público, que até agora estava bastante ordeiro, seguiu o impulso de quatro fãs, que já por diversas vezes haviam feito notar a sua presença cantando os refrões de pé e ostentando duas bandeiras espanholas, e “invadiu” a frente de palco munidos de telemóveis, pads e máquinas fotográficas por forma a eternizar digitalmente estes momentos.

A primeira saída de palco aconteceu no fim de “Hey” mas, para felicidade dos fãs, foi muito breve e o regresso não se fez esperar. Com um final adiado, ouvimos as versões de “Corazón Partío” de Alejandro Sans e ainda dos clássicos “Crazy” de Patsy Cline e “Can't Help Falling In Love” de Elvis Presley.

Por diversas vezes Julio Iglesias elogiou os portugueses a sua força e bravura, que os levou a descobrir mundos, força essa eternizada no fado e na voz de Amália uma mulher que muito admirou e de quem teve a sorte de ser amigo. Na herança de Amália Rodrigues novos nomes despontam no fado, um deles Cuca Roseta, que tinha assegurado a primeira parte do concerto (ver reportagem), e que agora era chamada para dividir o palco com o cantor. Sempre lançando o seu charme, Julio Iglesias tenta seduzir com as palavras a fadista, primeiro improvisando uns versos do fado “Coimbra é uma lição” e depois na interpretação, a dois, de “Besame Mucho”. Já de novo a solo cantou “La Paloma”, recordando um dueto com Amália Rodrigues há 41 anos atrás, em Cascais.

O cantor anuncia o fim do concerto “à sua maneira”, mas a versão em espanhol de “My Way”, cantada segurando uma bandeira espanhola oferecida por uma fã, ainda não seria a última neste já longo desfile de canções que só terminou depois de “Me Va, Me Va” e “Always on My Mind”

Quase duas horas depois do início, as luzes do palco apagam-se, mas os corações de todos aqueles que tiveram no Meo Arena partiram iluminados pelo espetáculo que presenciaram nesta noite especial, que relembrou a força dos sonhos e a vontade de viver.

Data: 2013-07-16
Fotografia: Pedro Figueiredo
Texto: Vânia Marecos

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