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[LETRA] SOS COM SAM THE KID - VALE DO SILÊNCIO





SOS e Sam The Kid - Vale do Silêncio

Se pensar porque escrevo, lembro-me de uma festa e de um enterro
No vale do silêncio são de três folhas os trevos,
não é por acaso que me atrevo a escrever escrevos, escrevo, escrevo
Aí sim pendo dois isqueiros vazios e acendo um, cigarro caído sob o assento
Atrás de mim mesmo reco-displicente, recordações retrocendo sendo que o retrovisor está tremendo,
Pára em Santos o carro do meu velho enquanto calmo de karma cheio esvazia a caixa do correio,
Remetente 52, terceiro esquerdo, sem data pois 'tou renitente quanto ao degelo,
isto é, tenho é de sê-lo, hei de dar a cara a um selo

Eu nunca fui um postal, mas vou-me por a compor e se um dia eu for, eu serei ancestral
De um chavalo que dá valor, dá o que escreve no caderno, ele vai querer amostra-lo
Põe o processo em progresso ele exerce a verdade, cada verso que aparece é vontade de se encontrar,
ele só quer é ser amado mas se vier bué armado eu levo  o meu arsenal,
e isso nunca me convence, ele volta ao meu berço, eu não vou ensina-lo
Quero o segredo da cadencia, eu na minha exigência nem vou menciona-lo
Nem um sinal, 'tou no vale do silêncio intencional, onde eu fui benzido, onde eu fui vencido,
onde eu fui vencendo até 'tar convencido
que é só ver o redor, decora o décor, põe a língua a soar o som do teu suor
E à noite a sonhar, a pensar num sonoro
Ele distingue e separa, a fama não o suborna, para que nunca se torne mais um cromo na praça,
mas a fome não passa, ele tem a fome no máximo e,
diariamente mata-se, esfola-se e não se consola se não ficar flawless, aí sim,
com carisma qu'abisma, é o trabalho e é a sorte, a caneta é o talismã, aí sim,
com visão de artesão tem um dom, tem o brilho, é a razão de dar tesão,
mete-se na pesquisa e organiza como é que se analisa analisa códex,
na janela tem o céu, aí sim, o reflexo, na rua tem chapéu, anda circunflexo, aí sim

Sinto a vitória por um fio
Aí sim
Cada texto é um: Oh tio
Aí sim
Oh tio, oh tio, oh tio, oh tio
Aí sim

Etc, escritor, pintor, pavio, pateta
O vale está em silêncio porque os cães estão com fomeca
Sem trela por Chelas molham a carcaça nas moelas
Molhos de prédios, pevides, cascas, Moscavide e Odivelas
Menina nublina na manhã em que é aguarela
Capa à volta das costelas
História e tela
É-se no peito storyteller
E aí sim, a insígnia de oiro na lapela, cintila
Fábula feita de flanela, áspera,
arrasto na rotina e senta-te nela
Se o emprego não presta,
Tudo é fatela, faça-se silêncio na capela
Gola e goela degolada à capella,
colarinhos em fumo a flutuar como velas

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