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MIGUEL ARAÚJO @ FESTAS DE OEIRAS


Quem reside em Oeiras e arredores não pode passar um ano sem, pelo mês de junho, se deslocar ao jardim municipal para comer uma fartura, comprar um pão com chouriço para a avó ou levar uma mala para a tia. Várias são as barraquinhas de artesanato, vários são os pontos onde se pode comer e beber, várias são as diversões entre carroceis e carrinhos de choque. 

Este ano faltou um elemento essencial, algo fundamental para um bom concerto de Verão: o calor! Bem como a manga curta e o chinelo no pé. Mas nem por isso a Festa deixou de estar animada porque já que este ano não dá para ir para a praia, então toca de comer e beber.

Pelo palco principal da Festa, este ano, já passaram nomes como Secret Lie, o tio Quim Barreiros e hoje era o dia, ou melhor, a noite do AQCOMDO: Aquele Que Canta O Marido Das Outras, era desta forma que algumas das pessoas cá fora se referiam ao músico que de facto tem um nome como todos nós, Miguel Araújo Jorge.

Pouco passavam das 22h quanto os acordes de "Sete Passos (Carolina)" se começaram a ouvir. Para os ali presentes que estiveram no Tivoli em abril passado, o pressentimento de que o alinhamento seria o mesmo foi geral, mas Miguel não desilude os seus fãs e com "Matérias do Coração" a seguir, logo a ideia foi posta de lado. Se sozinho em palco com a sua guitarra cantou e tocou a primeira, foi com “e agora entram o resto dos Miguel Araújos” que o palco ficou mais preenchido. 


Em "Cartório", faixa que integrará o próximo disco, a banda ficou completa com saxofones, teclas, guitarras, baixos e tudo o que uma banda das grandes (e boas!) tem direito. Na letra da canção pedia o músico “vem ser minha mulher, vem comigo ao cartório e seja o que Deus quiser”. No fim e ao longe ouviu-se uma voz feminina a gritar “És lindo” e Miguel prontamente respondeu “Obrigada e igualmente, Oeiras”. 

Seguiu-se um êxito de Roberto Carlos "Como Dois e Dois", já interpretada por nomes como Gal Costa, Caetano Veloso e até tocada em janeiro de 2010 em “Ambos os 3”, por três membros de Os Azeitonas, no Teatro São Jorge em Lisboa, altura em que a banda ainda não tinha passado para os tops de vendas nacionais, mas já aí o talento transbordava e a diversão reinava. 

O pica do 7, a história da rapariga que todos os dias apanhava o elétrico número 7 só porque tinha uma admiração pelo revisor foi a seguir interpretada pelo músico. O fumo e as luzes laranja e azul criaram um clima romântico devidamente apropriado para a letra da música. Contou então Miguel que o adereço de pau alto junto da bateria tivera sido construído por Mário Costa, o baterista, com bonequinhos da madeira, castanholas na ponta e um travão da bicicleta. Temos artesão! O som que o próprio apetrecho dava arrancou uma gargalhada dos presentes: novos e velhos, crianças, pais de crianças, avós, tios, amigos, jovens, casais de namorados, raparigas histéricas e rapazes de cerveja na mão. 

Para o disco “Desfado” de Ana Moura, Miguel escreveu uma letra que faz questão de trazer muitas vezes ao vivo e o orgulho na mesma é notório na sua expressão quando a canta “Aviões no céu a mil, banda larga em arganil. Argonautas, foguetões, fogos factuos e neutrões” de "E Tu Gostavas de Mim" fez o público balancear, ainda que sem levantar os pés do chão. Quem escreve letras assim só pode ser com certeza um grande artista!

Contou Miguel que Oeiras é como uma segunda casa para ele uma vez que a família da sua mulher vive lá. Agradece então o convite à Câmara. O público também agradece à Câmara por ter um artista deste calibre por aquelas bandas. 


Para os filhos cantou "Capitão Fantástico" e, diz ele “se a outra falava das criancinhas esta fala dos paizinhos delas” "Os Maridos das Outras", a tal responsável por tantos casamentos e divórcios, aquela que fez grande parte dos presentes estar ali, aquele que tantas vezes passou na rádio, aquela com tantas versões e covers, aquela, aquela que levou Miguel aos tops não podia faltar. Nunca falta! No fim foi grande a batalha entre o baterista, o baixista e o guitarrista para ver qual fazia mais barulho. Ficaram todos bem na fotografia, fizeram todos ótima figura, não se preocupem.


Quando o palco fica mais verde do que o Estádio do Sporting, já se adivinha que é altura dos instrumentos de sopro ganharem lugar pois o "Fizz Limão" está para se ouvir. O público pedia um saltinho ao artista. E o artista pedia um pezinho de dança ao público com a seguinte "Readers’s Digest". Com a banda consegue dar uma versão mais “dançante” a esta música em comparação com aquela versão do CD “Cinco Dias e Meio”, até agora o primeiro do artista enquanto músico a solo.


Fica em palco apenas acompanhado pelo teclista e o que ninguém estava à espera é que "Anda Comigo Ver os Aviões", outra também tantas vezes ouvida e tocada na radio fosse esta noite das mais cantadas pelo público.

Muitos aplausos, muitos agradecimentos, adeusinho e até à próxima. Saem todos E voltam a entrar todos, a sede já era muita e o Mendes, como o tratam na banda Os Azeitonas, trouxe um copo de cervejinha, fez sinal para oferecer ao público, se alguém aceitou ele fingiu que não ouviu e pousou-a cuidadosamente em cima da mesa alta com uma toalha daquelas que todas as avós têm em casa e "Vocês Sabem Lá" ganhou uma roupagem diferente nesta noite, muito por culpa dos metais da bateria. 


Para terminar, “e agora tem mesmo que ser, peço a vocês para dançarem aí, fazerem um comboio aí em baixo porque esta é para dançarem mesmo”. "Autopsicodiagnose" é a mais divertida. O público acedeu ao pedido por uns instantes mas o que a malta queria era ouvir o Miguel. O comboio descarrilou, mas ninguém saiu de lá desapontado. A banda junta-se então no centro do palco para uma grande ovação final. 

Se momentos antes do concerto começar Miguel postou no Facebook uma fotografia na barraquinha das farturas a dizer algo como “Com as farturas Araújo o seu palato não fica sujo”, pode-se acrescentar “Com o Caldo Verde à Mendes tu ficas que nem te entendes”.

Data: 2013-06-09
Texto: Ana Rita Sousa
Fotografia: Henrique Frazão

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