A reportagem da terceira noite do Festival Vodafone Paredes de Coura 2015 |
O terceiro dia do Vodafone Paredes de Coura estava marcado na agenda para receber alguns dos maiores veteranos da música, mas foi o funk e o soul que ensinaram uma lição musical à malta.
[clica nas imagens para veres a galeria fotográfica dos concertos]
X-Wife no Vodafone Paredes de Coura 2015 |
Entretanto, os Allah-Las serviram apenas de música de fundo, num concerto que nos pareceu demasiado longo – talvez pelos temas serem praticamente iguais, num género de canção interminável.
Allah-Las no Vodafone Paredes de Coura 2015 |
Depois do último concerto em Portugal, no Armazém F, esperava-se que o anjo negro trouxesse algo inovador para o formato-festival – mas Mark Lanegan trouxe exatamente a mesma intensidade e profundeza. (NA: fez lembrar Anna Calvi, em 2012, também aqui em Paredes de Coura – concertos que nos levam a uma melancolia familiar.)
Com uma voz única, este lobo de várias andanças escolheu abrir o repertório com “Harvest Moon” e durante os primeiros temas o público estava ainda a tentar encontrar o ritmo; metade da plateia atenta, lá em baixo de pé – outra metade sentada, já um pouco exausta do dia anterior mas também rendida ao intimismo e maturidade musical que Lanegan ofereceu.
Não é certo que o formato festival seja o melhor para um artista como Mark Lanegan, mas ainda assim o anjo negro provou que onde quer que vá existe sempre uma massa considerável de fãs que vibra com clássicos como a "Hit The City" e "One Way Street".
Mark Lanegan no Vodafone Paredes de Coura 2015 |
O entusiasmo cresceu por fim com temas de peso como "I Wolf", e "Gravedigger's Song", culimando no momento alto da noite em que Lanegan canta respeitosamente “Atmosphere” de Joy Division, num cover arrepiante.
Findo o concerto, fica a certeza de que independentemente do contexto em que Lanegan se apresenta em palco, é sempre uma honra poder assistir ao que ele faz em palco. Até breve, esperamos nós.
Seguido de uma boa dose de intensidade, chegara a altura de outro veterano pisar o palco; Charles Bradley, 66 anos, terá vindo para deitar “a casa abaixo” com o seu funk/soul bem vincado pela vida. O anfiteatro natural caiu aos seus pés, e Bradley agradeceu emotivamente a cada tema fazendo sobressair o amor que lhe reside na voz; “I come from a time where Love was.. Love”, fez questão de enfatizar.
Charles Bradley no Vodafone Paredes de Coura 2015 |
Interessante que este monstro do funk tenha gravado o seu primeiro LP em 2011, mostrando que nunca é tarde para se fazer boa música.
O palco principal encerra então o terceiro dia com War on Drugs, que após o sucesso popular do disco Lost in the Dream, voltam a pisar solo nacional para rockar american-style.
Embora não seja tarefa fácil arrasar depois de Charles Bradley, os War on Drugs sabem muito bem envolver o público – seja com os seus temas clássicos, ou com os devaneios musicais on stage, numa explosão de rock bem aceso.
War on Drugs no Vodafone Paredes de Coura 2015 |
“Disappearing", "Red Eyes", "Ocean in Between The Waves”, o já clássico "Under The Pressure" "Arms Like Boulders" e "Baby Missiles" fizeram parte de um alinhamento fogoso que não deixou ninguém quieto.
Os War on Drugs conquistam qualquer público, e esta foi uma despedida em grande num terceiro dia marcado por algum cansaço já, e por música elevada ao luxo. Estávamos a caminho do último cartucho agora…
Data: 2015-08-21
Fotografia: André Roma
Texto: Li Alves
Vê aqui todas as reportagens do Festival Vodafone Paredes de Coura 2015:
- Vodafone Paredes de Coura 2015 @ Dia 1
- Vodafone Paredes de Coura 2015 @ Dia 2
- Vodafone Paredes de Coura 2015 @ Dia 3
- Vodafone Paredes de Coura 2015 @ Dia 4
Texto: Li Alves
Vê aqui todas as reportagens do Festival Vodafone Paredes de Coura 2015:
- Vodafone Paredes de Coura 2015 @ Dia 1
- Vodafone Paredes de Coura 2015 @ Dia 2
- Vodafone Paredes de Coura 2015 @ Dia 3
- Vodafone Paredes de Coura 2015 @ Dia 4