A viagem de Aline Frazão em “Movimento” começou em maio no Clube B.Leza onde desvendou, pela primeira vez ao vivo para fãs e amigos o seu segundo trabalho discográfico, e trouxe-a esta noite até ao palco do Teatro São Luiz.
O teatro quase esgotado acolheu rostos conhecidos da cultura, mas também rostos anónimos, todos eles fãs de Aline, partilhando o seu gosto pela música.
Deixando Lisboa lá fora partimos para um universo mágico que começa por detrás d“As Paredes do Mayombe”. Ainda inebriados pela voz doce de Aline depois de “Crónica de um (des)encontro” e “Cacimbo” quase nem notamos que as primeiras estrofes de “Lugar Vazio” se preenchem com novos sons e, quando nos apercebemos desta nova letra que acabou de nascer, sorrimos.
Continuamos viagem por entre o "Desassossego" uma parceria de Aline com Carlos Ferreira "Cassé" e logo rumamos de volta no tempo e, recordando a Galiza, chegamos até “Clave Bantu” cujo final foi cantado em uníssono, no palco e na plateia ouvia-se «enquanto dura um balanço eu vou e danço». A cantora aproveita agradecer a presença da embaixadora da Galiza na plateia e para fazer uma comparação do primeiro álbum ao primeiro filho (é sempre diferente).
Depois desta partilha, e já sem os restantes músicos em palco, agora o caminho trilhado é solitário e apenas acompanhada de uma kalimba, Aline embalou-nos com o seu “Poema em Sol Poente” e a sua melodia reconfortante e envolvente.
Ouvimos ainda “Rascunhos” dedicada por Aline «a todos os que acreditam» e ainda temos tempo de recordar Jobim com "A Última Bossa" tema que encerra “Movimento” e que inicialmente era para ser uma faixa escondida. A música que se seguiu foi emprestada pelo convidado de Aline nesta noite especial, João Pires, e do seu álbum “Caminhar” ouvimos “Navega”, de novo partimos agora por entre "Ronda", com letra da poetiza angolana Alda Lara.
Chegámos ao “Primeiro Mundo”, mas continuamos a precisar de quem nos “Oriente” e como Aline afirma por mais caminhos que percorramos andamos sempre em círculo e acabamos sempre por voltar para junto de quem nos guia e de quem, por vezes, parece saber melhor o caminhos por onde queremos seguir, melhor do que nós próprios.
Quando começamos a ouvir os primeiros acordes de “Tanto” somos invadidos por uma sensação que nos diz que estamos a chegar ao destino, «quem souber cante», afirmou Aline, e assim cantámos. A viagem está prestes a terminar, mas depois de “Nossa Festa” sabemos que ainda há mais uma paragem escondida e foi “Na boca de angola” que chegamos ao fim.
Uma noite dedicada a música, à terra, às raízes, às viagens interiores e exteriores, por entre caminhos que todos nós percorremos e que esta noite foram certamente mais felizes porque foram guiados por Aline Frazão com a ajuda do seu "Movimento".
Data: 2013-01-31
Fotografia: Pedro Figueiredo
Texto: Vânia Marecos