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MOCHE TONY HAWK & FRIENDS SHOW @ CARCAVELOS


Moche Tony Hawk & Friends Show: Skate e Música em noite de Outono

Carcavelos foi palco do evento que trouxe o lendário e mais influente skater contemporâneo até solo português. Com uma mão dada à música e outra a segurar no skate, Tony Hawk trouxe amigos e promissores colegas de profissão e convidou uma banda sonora de luxo, da qual fizeram parte o ensemble português Orelha Negra, a dupla Icona Pop e Naughty Boy

A tarde de calor deu as boas vindas ao público que esperava em grandes filas, com tábuas prontas para serem assinadas, sapatilhas lamacentas e todo o look a que um surfista do asfalto tem direito. 

Com uma rampa gigante como pano de fundo, os Orelha Negra – projecto e comité de artistas Sam The Kid, Fred Ferreira, Cruzfader, João Gomes e Francisco Rebelo – juntaram-se à festa, depois do pôr do sol, para oferecerem malhas de hip hop clássico e remisturas inéditas, à plateia sedenta de boa música e do anfitrião da noite. Passavam cinco minutos das sete da tarde e a batida ecoava na praia, no nevoeiro que se começava a formar e nos óculos de sol espelhados.

Há pratos em scratch numa turntable imparável, com qualidade dançante irrepreensível, em adaptações musicais de perder a cabeça num headbanging sem fim. Medleys complexos, que viajam pelo repertório com “M.I.R.I.A.M”, apadrinhada por Vhils, “Throwback” e “A Cura” e por temas que guardam em si toda a nostalgia disco de outros tempos, como “U Can’t Touch This” de MC Hammer, “Groove Is in the Heart” de Deee-lite, “Falsos Amigos” e “Dedicatória” de Mind da Gap e o casamento perfeito entre “I Want You Back” dos Jackson 5 e “Jump” de Kriss Kross. 


Embaladas noite dentro, as diferentes gerações que faziam parte da festa, assistiram ao alinhamento electrónico dos Dynamic Duo. A batalha de vinil entre Cruzfader e Stikup, inicia-se com “Lose Yourself” de Eminem, passa por breves instantes por “Work It” de Missy Elliott, por “Solteiro” de Orelha Negra, “Niggas In Paris” e “Holy Grail” de Jay-Z (em modo Watch The Throne e no mais recente Magna Carta) e “Stronger”, com rimas de Kanye West sobre o instrumental de Daft Punk. 


Noite cerrada, um halfpipe, aplausos e luzes que chamaram Tony “The Birdman” Hawk até perto de florescentes adolescentes e todos os praticantes, amadores ou profissionais da velha guarda. Neal Hendrix, Elliot Sloan e Kevin Staab da equipa Birdhouse – formada por Hawk e Per Welinder – a jovem campeã em X-Games, Lizzie Armanto e o japonês voador (que na verdade é brasileiro), Lincoln Ueda. A voarem para lá dos 6 metros de altura da construção de metal e madeira, estiveram rotações com 540 e 720 graus, que Ueda e Elliot Sloan conseguiram concretizar no decorrer da hora de espetáculo. 

Tony Hawk dava dicas, desafiava a doubles – quando dois skateboarders se lançam em manobras, em simultâneo – e fazia crescer a esperança pelo tão mítico 900. A vontade de pegar numa consola de jogos e devorar a obra criada pelo suspeito do costume, era tão apetecível como um pecado mortal. E a propósito, foi precisamente o que Hawk decidiu fazer, já sem capacete e para a despedida: um inesperado mortal, em ascensão na rampa, que fez a respiração parar por breves instantes. O folgo voltou com toda a força para gritar o entusiasmo de assistir a uma manobra sobre-humana, apenas possível em videojogos (pensávamos nós!). 


Shahid Khan, o britânico recém conhecido como Naughty Boy, apresentou-se sem (mais) demoras e o tão esperado e reconhecido single “La La La” foi lançado às feras em celebração, com a letra na ponta da língua. “Beneath Your Beautiful”, na voz remisturada de Emeli Sandé, foi oferecida a Portugal depois da audiência ter cantado os versos agudos do powerhouse que é Sam Smith. Com um DJ a partilhar a “cabine”, Naghty Boy revisitou Hotel Cabana e algumas das músicas do ano, lançadas internacionalmente. 

O mandamento da noite foi entregue pelo MC da casa com “jump, jump” dito vezes sem contas, ao som de “Harlem Shake” e devaneios drum’n’bass da pesada. Saíram do baú produções de hip hop dos anos 80 e o mais recente êxito para uma sessão de twerk, “Pour It Up” de Rihanna (apenas aconselhado a profissionais). “You Make Me” de Avicii leva a contagens decrescentes de um drop que fez o chão tremer em saltos colectivos. 


Dos seus compatriotas Disclosure, ouvimos “Latch” e “White Noise” e a voz de Lana Del Rey fez-nos uma visita com “Summertime Sadness”. Um alinhamento que não contou com grande execução na sua entrega, muito mecânico e pouco exclusivo, mas foi salvo pela felicidade extrema do público. Com “212” de Azealia Banks, já o final da festa se antecipava e para matar a fome de “La La La”, esta acabou por tocar uma vez mais. 

Entre o produtor e a duo de artistas suecas, esteve Lyla, uma DJ lado a lado com bailarinos vindos do universo “Tron”. 


Caroline Hjelt e Aino Jawo trouxeram o electro pop, house e indie pop a Portugal, pela primeira vez – Icona Pop cancelaram a sua presença na última edição do festival Optimus Alive. Entram em palco com o brilho de mil bolas de cristal, com o poder vocal que lhes conhecemos das inúmeras passagens pelas rádios. “We Got the World”, “On a Roll”, “Light Me Up” e “All Night” serviram para apresentar o disco de estreia This is...Icona Pop. 

A dupla, feminina e sedutora, de teclados, sintetizadores e até um kazoo à disposição, deixou o público em alvoroço com “Girlfriend”, que nos levou pela orelha até “Bonnie & Clyde” de Jay-Z e Beyoncé. “I Love It”, o tema mais esperado da noite, serviu para concluir a união da música com o desporto de destreza extrema. A energia era oferecida mutuamente, entre quem cantava e quem dançava, até à última nota. 


Até de madrugada tocaram-se DJ sets pela mão de Mastiksoul e Karetus, para os resistentes às dores de pernas e do frio vindo do mar - nada melhor do que acabar a noite com a melhor bola de Berlim do mundo ou um pão com chouriço quentinho, na mão. Para recordação fica o facto de, aos 45 anos, Tony Hawk ser irmão, pai, padrinho e avô de quem dedica a sua determinação e inspiração ao skate. Até à próxima, Birdman!


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