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[Reportagem] Dia 1 do Festival NOS Alive 2018 no Passeio Marítimo de Alges

No arranque da edição de 2018 do Festival NOS Alive os Arctic Monkey foram os cabeças de cartaz; Khalid arrecadou o troféu artista revelação e para Bryan Ferry ficou reservado o prémio carreira.




Apesar do sol teimar em não aparecer à hora prevista da abertura de portas ao público (15h), o NOS Alive começou com looks e boa disposição típicos de quem vai para um festival de Verão.  Muitas eram as tshirts que diziam “Arctic Monkeys” e como tal, já se adivinhava quem era a banda esperada da noite, mas muitas surpresas houve pelo meio.

PALCO NOS


A primeira atuação do palco principal começou às 18h e foi Miguel Araújo quem fez as honras. Acompanhado do seu ukulele, trouxe o sol de volta e proporcionou um fim de tarde com boa música para quem já se encontrava na fila da frente a marcar lugar para ver as suas bandas favoritas.

O público aderiu à música de Miguel, especialmente por ser o único português a atuar no palco NOS dos três dias de festival.



De seguida, já com os seus 72 anos, veio Bryan Ferry que provou que a idade é só um número. A voz da banda Roxy Music continua igual e faz com que pareça que o tempo não passou por ele.

Apesar de não ser talvez a pessoa mais indicada para um festival de verão, Bryan Ferry e a sua camisa branca meio aberta e o seu fato (todo o senhor emanava charme capaz de meter inveja aos mais jovens), trouxe uma setlist composta de êxitos antigos e alguns que deram glória à sua banda nos anos 80.

Músicas como “Slave to Love” fazem o coração derreter, “Love is the Drug”, “Lady Tron” e a fechar com “Let’s Stick Together”, Ferry e a sua banda com percussões, coros, violinos e saxofones, aqueceu bem o público para Nine Inch Nails.


A banda liderada por Trent Reznor, que com 53 anos, parece que não envelheceu nem um bocado, conseguiu dar ao público de mais de 35 anos um espetáculo que lhes proporcionou momentos de euforia, assim como deu ao público mais jovem, que estava curioso.

Nos ecrãs, as imagens passavam a preto e branco, um bocado à semelhança da vestimenta da banda e do próprio público, e sente-se logo o estilo mais metaleiro, característica própria de NiN.

À mistura de muita dança, gritos e algumas gotas de suor derivado de toda a excitação em cima de palco (e fora dele), NiN provaram ser dos melhores concertos do dia, se não mesmo o melhor. Tocaram êxitos como “Closer”, “I wanna fuck you like na animal”, “Copy of A” , a versão remisturada de David Bowie “I’m Afraid of Americans”, para terminar com a brilhante música “Hurt” (que mais tarde Johnny Cash também cantou), Nine Inch Nails fizeram as delícias dos fãs e deixaram a desejar mais para aqueles que os viam pela primeira vez, que já estavam totalmente convertidos.

Acalmaram-se os ânimos quando a banda mais simpática subiu a palco: os Snow Patrol. Mesmo com data prevista de regresso para fevereiro, não foi por isso que deixaram de dar um concerto digno de palco principal, apesar de sentirmos que ainda estão a desenferrujar.

Nota-se claramente que os Snow Patrol já andam nestas vidas há mais de duas décadas, só pelo à vontade que têm com o público e como interagem com o mesmo. Trouxeram-nos “Called out in the Dark”, com Gary Lightbody a saltitar de um lado para o outro enquanto se agarrava à guitarra com alma, “Run”, “Open Your Eyes” e claro, talvez a música mais entoada da atuação desta banda, “Chasing Cars”, bem conhecida da série “Anatomia de Grey”.

Notava-se bem que também eles estavam entusiasmados por apresentarem algumas músicas do novo álbum, “Wildness”, cuja capa servia de fundo no palco NOS. Foram precisos sete anos para os Snow Patrol fazerem um novo disco mas como Gary disse ao iniciar a “Don’t Give In” (que faz parte do mesmo), estão super felizes por finalmente isto acontecer.

Fotos do concerto de Snow Patrol no Festival NOS Alive 2018



E eis que pouco depois da meia noite, entram os esperados macacos do Ártico – Arctic Monkeys. Sabíamos e estávamos preparados para o que vinha aí, especialmente com o novo álbum “Tranquility Base Hotel & Casino” que conquistou uns, mas deixou céticos outros.

O alinhamento até foi equilibrado com músicas do novo álbum e êxitos antigos, mas de certa forma, isso tornou o espetáculo um pouco lento. Tanto berrávamos ao som de “I Bet You Look Good on the Dancefloor” ou de “Do I Wanna Know?”, “Arabella”, "Why'd You Only Call Me When You're High?" e “R U Mine?” (que fechou o concerto), como entrávamos num modo zen com “Star Treatment” ou “She Looks Like Fun”.

É como sentir que este álbum ainda não ganhou amor suficiente quando comparado com um “AM”, por exemplo, assim com Alex Turner, com 32 anos, quis parecer ser muito mais velho do que é. Apesar disso, não podemos dizer que foi um mau concerto porque apesar de tudo, Arctic Monkeys dão-nos sempre um espetáculo decente e que vale a pena, mas parece que soube a pouco – para alguns, soube mesmo a desilusão.

PALCO SAGRES

No antigo palco Heineken, renomeado nesta edição do NOS Alive, temos nomes que puxaram maior parte do público para lá. A argentina Juana Molina encantou o público depois de Vermú, mas foi a francesa Jain que captou a atenção com um pop multicultural.

De regresso a este palco, estão Wolf Alice que tiveram direito a cartazes e muita dança. Ellie Rowsell atingiu notas altas, inspirada pela recepção calorosa dos que foram lá vê-los e a dupla Joff Oddie e Theo Ellis puxavam pelo público ao mesmo tempo que erguiam as guitarras para tocarem de alma e coração.

É mais do que certo de que o álbum de 2017 da banda, “Visions of a Life”, conquistou os fãs, de tal maneira que o Palco Sagres era dos mais cheios nesta altura.

Fotos do concerto de Wolf Alice no Festival NOS Alive 2018



Friendly Fires viriam a seguir e tal como NiN, deixaram em palco muita transpiração em palco, tal era a animação que se sentia com os saltos do público. Sem dúvida que prepararam bem o recinto para o que viria a seguir.

Fotos do concerto de Friendly Fires no Festival NOS Alive 2018



Khalid foi a grande sensação da noite, um artista que talvez não merecesse o seu lugar no palco Sagres mas sim no palco NOS. Encheu completamente os lugares dentro da parte cobertura e à volta e durante mais de uma hora houve muitas pessoas a gritar – especialmente raparigas – a dançar, não fossem as bailarinas em tons de rosa que se mexiam como se não houvesse amanhã.

Nunca se esperava que Khalid, cantor de 20 anos, vencedor de vários prémios como “Best New Artist”, viesse a ter tanta audiência. Porém, e apesar de ter encantado com o seu R&B com um mix de pop, sentiu-se a falha na produção que podia ter tornado o concerto de Khalid o segundo melhor da noite.

Fotos do concerto de Khalid no Festival NOS Alive 2018



O britânico Sampha e Blasted Mechanism encerram a primeira noite do NOS Alive.

PALCO NOS CLUBBING


Fotos do concerto de D'Alva no Festival NOS Alive 2018




O segundo dia vai contar com concertos de Queen of the Stone Age, Black Rebel Motorcycle Club, Two Door Cinema Club, Eels, Future Islands, Portugal the Man, entre outros.

Fotos do Ambiente Dia 1 do Festival NOS Alive 2018 (12 de Junho de 2018)



Data: 12 de Julho de 2018
Texto: Beatriz Silva
Fotos: Catarina Abrantes Alves

Não foi autorizada a reportagem fotográfica dos concertos de Arctic Monkeys e Nine Inch Nails

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