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NUNO AROSO E RITA REDSHOES @ TEATRO JOSÉ LÚCIO DA SILVA [REPORTAGEM]

Nuno Aroso e Rita Redshoes em Teatro José Lúcio da Silva

Nuno Aroso e Rita Redshoes @ Teatro José Lúcio da Silva


A abrir o festival “Música em Leiria”, no palco do Teatro José Lúcio e contando com o apoio do Orfeão de Leiria, estiveram Nuno Aroso e Rita RedShoes, dois artistas contemporâneos distintos, mas que juntos fazem de um concerto uma obra de arte viva.

Percussive Sung Songs” é assim que se intitula o espectáculo que conta com peças dos mais variados autores, oriundos desde o Japão, Estados Unidos, Itália até Portugal, como não podia deixar de ser. Uma mistura de várias culturas que enchem os ouvidos dos espectadores, com vários tipos de instrumentos, até mesmo os mais inusitados.

Nuno Aroso entra em palco começando a tocar as primeiras notas. Rita junta-se seguidamente e “Your Feet”, uma peça de Peter Ablinger (compositor Austríaco), ganha forma.

“Boa Noite” – Cumprimenta Rita, que olha para o seu colega. “Boa Noite. Eu tinha aqui a anotação que tinha de falar mas já me ia esquecendo” – Brinca Nuno.

A meio da terceira peça um pequeno percalço deu-se: “Um pequeno problema técnico” – Confessa o artista. “Eu vou dando ao sininho” – Sussurra a cantora. O público riu-se.

“Bem agora vocês já sabem a letra, já podem cantar comigo” – Brinca Rita enquanto se preparavam para recomeçar a peça de Kumiko Omura acerca da tragédia de Fukushima.

O concerto continua com peças de Matthew Burtner e Ângela Ponte. E é aqui que se põe ainda mais arte na música. Usando sacos de plástico, garrafas de água e até mesmo um espremedor de laranjas os artistas proporcionaram momentos de uma musicalidade invulgar e que não conseguimos ouvir em qualquer espetáculo, ao mesmo tempo que divertiam a audiência. “Como acabaram de ver esprememos uma laranja” – Diz Rita em tom de brincadeira.

A cumplicidade entre Rita e Nuno era bastante notória em palco o que fez com que o público acarinhasse ainda mais o trabalho de ambos e este concerto único.

Entram em cena bonecos de borracha, daqueles que as crianças têm e fazem sons quando apertados, numa peça escrita por Rita intitulada “Old fish”. Os bonecos são apertados sistematicamente e alternadamente a principio tornando-se mais intenso à medida que a peça se vai desenrolando, quase que como uma conversa entre os artistas que vai escalando. Seguidamente é tempo para algo mais sóbrio e talvez também um pouco melancólico e pesado. O público não se fez sentir nesta peça, o que deu ainda mais ênfase à brilhante voz da cantora, que envergou também um tom mais melancólico.

Anchor” de Jorge Prendas alivia o ambiente no teatro e após a peça é momento de descontracção com Nuno Aroso sozinho em palco a tocar xilofone acompanhado de alguns sons de vento.

A cantora volta a entrar em cena com um megafone em mão e toca-se “Men on Carpet” de Luís Pena.

O concerto chega ao seu fim com uma peça “inventada” por Nuno Aroso “49 peles em outro corpo” – “Eu não sou compositor, portanto vamos dizer que fui eu que a inventei” – Explica – “E com ela chegamos ao fim deste concerto. Espero que se tenham divertido e até breve” – Despede-se o percussionista português.

O público bate palmas fervorosamente e ainda há uma tentativa de “Só mais uma”, mas sem efeito. A noite acabou com um pequeno gathering para os fãs com os dois artistas no primeiro piso do Teatro José Lúcio da Silva.



Data: 2014-05-30
Fotografia: David Sineiro
Texto: Helena Cotovio